Serra, Marina e Plínio discutiram temas propostos pela comunidade católica.
Dilma Rousseff (PT) justificou ausência por problemas de agenda.
José Serra, Plínio de Arruda Sampaio e Marina Silva
participam na noite desta segunda-feira (23) de
debate promovido por TVs católicas
(Foto: Divulgação)
Os candidatos à Presidência da República José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) participaram na noite desta segunda-feira (23), em São Paulo, de debate promovido pelas emissoras católicas de TV Canção Nova e Rede Aparecida.participam na noite desta segunda-feira (23) de
debate promovido por TVs católicas
(Foto: Divulgação)
A campanha de Dilma Rousseff (PT) justificou a ausência, em nota aos organizadores, pela "necessidade de equilíbrio entre diversas atividades de campanha" da candidata. Durante o debate, Plínio foi quem mais criticou a candidata petista pela ausência.
O debate foi estruturado em quatro blocos. No primeiro, candidatos responderam a uma pergunta comum e sobre temas sorteados ao vivo. O segundo bloco incluiu questões de três jornalistas convidados sobre assuntos de livre escolha.
No terceiro, representantes de pastorais e movimentos da Igreja Católica fizeram as perguntas. No quarto e último bloco, os candidatos responderam sobre temas sorteados ao vivo e apontaram soluções para problemas sugeridos pelo mediador. Os candidatos tiveram ainda tempo para considerações finais.
Cada candidato teve entre 1 minuto e meio e 2 minutos para resposta. Nos blocos 2 e 3, as respostas foram comentadas por outro candidato sorteado. Houve réplica de 1 minuto para o candidato que respondeu e tréplica de 1 minuto para o candidato que comentou.
Temas e embates
O debate, de duas horas de duração, abordou os seguintes temas: crença dos candidatos em Deus, reforma agrária, uso de símbolos religiosos em locais públicos, economia, homofobia, aborto, castidade para solteiros e fidelidade como formas de combate à Aids, controle social dos meios de comunicação, pesquisas eleitorais, violência, trem-bala, socialismo, alianças políticas, maioridade penal, Programa Nacional de Direitos Humanos, sistema carcerário, habitação, agricultura e ensino religioso na rede pública.
O primeiro assunto a opor os candidatos foi o controle social dos meios de comunicação. Plínio afirmou que a TV brasileira, salvo emissoras como as promotoras do debate, é "um lixo". Defendeu criação de conselho para monitoramento da mídia. "Se chegarmos ao governo, vai ter controle social dos meios de comunicação", afirmou. Serra disse achar a idéia "muito perigosa". "Não tem saída para fugir da censura do que confiar na democracia representativa", disse.
O tema pesquisas eleitorais motivou alfinetadas entre Serra e Marina. Questionado sobre o avanço de Dilma, Serra disse ter "um pé atrás" com pesquisas. "Vamos continuar nossa batalha com muita confiança." Marina disse que, para ela, vencer "não é questão de vida ou morte" e afirmou querer ganhar "sem velhas alianças". Para o tucano comentar em seguida: "Não é questão de vida ou morte para mim ganhar a eleição, mas é muito importante para o Brasil."
Também houve fricção entre Plinio e Marina. Ao defender "visão que integre meio ambiente e desenvolvimento", a candidata motivou críticas irônicas de Plinio. "O discurso da Marina é de conciliação, não tem conflito. É tudo bem, é o amor, Jesus entra e resolve tudo", disse o candidato do PSOL, instando a adversária a "explicar essa contradição entre luta ecológica que para no capitalismo". Marina rebateu: "Não vou pautar minha atitude por aquilo que o Plínio quer que eu faça. Respeito o estilo dele, vocês estão o tempo todo rindo das piadas que ele conta."
Sobre temas valóricos, houve poucas divergências entre os candidatos. Todos se manifestaram, por exemplo, contrários à pratica do aborto. Marina reafirmou, contudo, sua proposta de um plebiscito sobre o tema, enquanto Serra disse que não o faria "de jeito nenhum". Em relação ao ensino religioso na rede pública, outro tópico abordado, os três defenderam que deva ser opcional.
Considerações finaisEm sua última participação, Marina afirmou que o "Brasil que elegeu um sociólogo e um operário está cada vez mais pronto para surpreender a si mesmo". Defendeu "visão nova" sobre meio ambiente. "Como estamos aqui em um público de fé, é incoerente dizer que ama à Deus e não respeita a criação."
Plínio reafirmou sua defesa do socialismo. "Se não rompermos com o capitalismo, não se resolve nenhum problema do país", disse. Afirmou que a Igreja deve ter coragem para "romper sua aliança com a burguesia", citou a justiça social como fundamento do cristianismo e criticou a ausência de Dilma.
Serra utilizou seu tempo para agradecer pelo debate. Também condenou o não comparecimento da candidata do PT. "A não vinda não é por agenda, apenas por dificuldade e resistência em se explicar." Terminou citando lideranças ligadas à Igreja que influenciaram sua formação, como Zilda Arns.
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